sexta-feira, 8 de abril de 2011

A tragédia da Matemática

Num certo livro de Matemática, um quociente
apaixonou-se por uma incógnita. Ele, o quociente,
produto de notável família de importantíssimos
polinômios. Ela, uma simples incógnita, de mesquinha
equação literal. Oh! Que tremenda desigualdade. Mas
como todos sabem, o amor não tem limites e vai do mais
infinito ao menos infinito.
Apaixonado, o quociente olhou-a do vértice à base, sob
todos os ângulos, agudos e obtusos. Era linda, uma
figura ímpar e punha-se em evidência: olhar rombóide
(=rombo – losango), boca trapezóide, seios esféricos
num corpo cilíndrico de linhas sinoidais (=curvas).
– Quem és tu? — perguntou o quociente com olhar
radical.
– Sou a raiz quadrada da soma do quadrado dos
catetos. Mas pode me chamar de hipotenusa - respondeu
ela com uma expressão algébrica de quem ama.
Ele fez de sua vida uma paralela à dela, até que se
encontraram no infinito. E se amaram ao quadrado da
velocidade da luz, traçando ao sabor do momento e da
paixão, rectas e curvas nos jardins da quarta dimensão.
Ele a amava e a recíproca era verdadeira. Adoravam-se
nas mesmas razões e proporções no intervalo aberto da
vida.
Três quadrantes depois, resolveram se casar. Traçaram
planos para o futuro e todos desejaram felicidade
integral. Os padrinhos foram o vetor e a bissetriz.
Tudo estava nos eixos. O amor crescia em progressão
geométrica. Quando ela estava em suas coordenadas
positivas, tiveram um par: o menino, em homenagem ao
padrinho, chamaram de versor; a menina, uma linda
abscissa. Ela sofreu duas operações.
Eram felizes até que, um dia, tudo se tornou uma
constante. Foi aí que surgiu outro. Sim, outro.
O máximo divisor comum, um freqüentador de círculos
viciosos. O mínimo que o máximo ofereceu foi uma
grandeza absoluta. Ela sentiu-se imprópria, mas amava
o máximo. Sabedor desta regra de três, o quociente
chamou-a de fração ordinária. Sentindo-se um
denominador comum, resolveu aplicar a solução trivial:
um ponto de descontinuidade na vida deles. Quando os
dois amantes estavam em colóquio, ele em termos
menores e ela de combinação linear, chegou o quociente
e num giro determinante disparou o seu 45.
Ela foi para o espaço imaginário e ele foi parar num
intervalo fechado, onde a luz solar se via através de
pequenas malhas quadráticas.
Por: Elyza Medeiros e Brisa Fernandes

2 comentários:

  1. ficou muito massa. quanta criatividade.

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  2. "Ele fez de sua vida uma paralela à dela, até que se encontraram no infinito."
    Adorei! Parabéns meninas :D

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