sexta-feira, 22 de abril de 2011

História e vida de Manuel Bandeira.

 
Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu em Recife no dia 19 de abril de 1886, era filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira. Quatro anos depois de seu nascimento transferem – se para o Rio de Janeiro, depois para Santos – SP, e novamente, Rio de Janeiro. Depois de muito tempo Manuel Bandeira decide então fazer Arquitetura na Escola Politécnica, em São Paulo, e à noite estudar desenho e pintura.
Em 1904, o autor descobre que tem tuberculose, abandona suas atividades e volta para o Rio de Janeiro. A fim de se tratar no Sanatório de Clavadel, na Suíça, embarca em junho de 1913 para a Europa. Um de seus poemas que caracteriza sua doença é pneumotórax.

         “Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que poderia ter sido, e não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três
- Trinta e três... Trinta e três... Trinta três...
- Respire
 .................................................
- o senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado
- Então, doutor, não é possível tentar um pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.”

A mãe dele morre em 1916. No ano seguinte ele publica seu primeiro livro: A cinza das horas, numa edição de 200 exemplares. Em seguida, perde sua irmã, Maria Cândida de Souza Bandeira, que desde o início da doença do irmão, havia sido uma dedicada enfermeira. Logo após publica seu segundo livro, carnaval. E em 1920, seu pai morre.
Bandeira não participa da Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro em São Paulo, no Teatro Municipal. Na ocasião, porém, Ronald de Carvalho lê o poema Os Sapos, do livro Carnaval.
Manuel Bandeira, além de crítico, fazia tradução de peças e livros, e ainda encontrou tempo para através do exercício literário, refletir sobre a vida, falar sobre suas memórias de menino, registrar cenas do cotidiano e aprende a lidar com a doença, como nos versos de Testamento.


        “Criou-me, desde menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!”


Superou as expectativas, pois todos seus familiares morreram antes dele. Mas, em 13 de outubro de 1968, às 12 horas e 50 minutos, Manuel Bandeira morre, no Hospital Samaritano, em Botafogo, sendo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.
Entre seus principais livros, encontram-se Libertinagem (1930), Estrela da manhã (1936), Mafuá do Malungo (1948), Lira dos cinquent’anos e Belo belo (1948 e 1951), Estrela da tarde (1958) e Estrela da vida (1966).


Belo belo
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Tenho o fogo de constelações exitintas há milênios.
E o risco brevíssimo – que foi? passou! – de tantas
·                                                        estrelas cadentes.

A autora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.

O dia vem, e dia a dentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.

Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

- Quero é a delícia de poder sentir as coisas mais simples.”


                       Maria  Gabriela Alves Costa

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